O sentimento de autoria através do fazer manual

Você já percebeu que quando uma criança faz alguma coisa com as próprias mãos, seja um desenho ou a montagem de um brinquedo, seu semblante é iluminado pelo orgulho de sua conquista e, imediatamente, ela quer mostrar sua criação para alguém? Esse sentimento de autoria é muito forte e nos acompanha desde cedo. Isso fortalece nossa autoestima, nossa segurança, nossas habilidades e nos estimula a criar ainda mais.

Autoria: reconhecimento e satisfação

Não nascemos com polegares opositores por acaso. Embora atualmente os usemos muito para digitar mensagens no celular, eles podem ser usados para exercer a criatividade que todos temos dentro de nós. Fazer algo com as próprias mãos é uma forma poderosa de autoexpressão, pois é a materialização de sentimentos, ideias, habilidades, preferências e desejos. A obra criada terá, inevitavelmente, sua marca, sua personalidade, sua autenticidade.

O orgulho e satisfação gerados pelo fazer manual são muito importantes para o prazer, bem-estar e autoestima pessoal. Você se sente produtivo e capaz. Além disso, o processo artesanal também ajuda a aliviar sintomas de estresse e ansiedade, tão comuns nos dias de hoje. Isso é uma forma de cuidado com você mesmo.

A obra produzida por você também funciona como um espelho – uma forma de autorreconhecimento – e uma impressão – uma forma de reconhecimento externo. Nela, tanto você quanto outros podem conhecer um pouco sobre a sua essência, de uma forma sutil e subjetiva. Por exemplo, um desenho pode dizer muito sobre suas emoções e seu estado de espírito; a finalização de um trabalho complexo de crochê pode expressar delicadeza, persistência e atenção a detalhes.

5 dicas para fazedores iniciantes

A palavra iniciante aqui é usada apenas para indicar aqueles que não têm o costume de praticar suas habilidades manuais conscientemente, pois todos somos criadores natos e estamos constantemente nos expressando criativamente, mesmo sem perceber. Separamos aqui algumas atividades simples para aqueles que desejam colocar as mãos na massa e aproveitar o sentimento de autoria:

1. Cozinhe

Faça um prato para você, amigos ou familiares. Pode ser algo simples ou sofisticado, o importante é que você esteja presente durante o processo. Sinta o aroma e a textura dos alimentos, prove o sabor de cada ingrediente, arrisque-se e aproveite a comida preparada por você.

2. Desenhe

Não é necessário nenhum talento ou dom especial para desenhar. Fazemos isso desde crianças. Você pode desenhar formas abstratas, apenas deixando suas emoções fluírem, ou compor paisagens e figuras.

3. Costure

Escolha um projeto de costura que lhe dê prazer e seja útil. Por exemplo, uma bolsinha para carregar moedas. Procure vídeos e tutoriais na internet ou peça ajuda para alguém. A criação de algo que você poderá usar depois proporciona satisfação e é um lembrete da sua capacidade.

4. Faça crochê, tricô, bordado ou macramê

Esses saberes ancestrais são uma ótima oportunidade de se conectar com sua própria história. Você pode pedir ajuda para alguém mais velho, sua vó ou mãe, ou mesmo amigos e artesãos locais. Também há muito material disponível online e em cursos ou oficinas. Esse é um trabalho que exige atenção e concentração, incentivando-o a estar no momento presente e se desligar de preocupações do dia a dia.

5. Trabalhe com marcenaria

Da mesma forma que o tópico anterior, também há muita ancestralidade e sabedoria nessa prática. É uma ótima forma de exercitar a mente e o corpo, visto que é necessário calcular, planejar e realizar muitos movimentos corporais enquanto se trabalha com madeira.

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ARTESANAL - MANIFESTO

As mãos como ponte dos afetos de dentro para fora
dão forma ao pensamento, à singular expressão.

O artesanal mobiliza o que há de mais humano em nós:
imaginar, criar e fazer,
dar sentido às emoções, memórias, relações,
dar formas, cores, sabores, funções,
dar movimento e beleza.

Nosso ativismo artesanal acontece no “fazendo”:
no olhar sobre e para o mundo,
na escolha de como consumimos e ocupamos o mundo,
na valorização do pequeno, do local e do autoral,
no manejo do corpo com as ferramentas e os materiais,
no aprendizado com o erro, a repetição e o tempo do fazer,
no contato com a natureza e nossas raízes artesãs.

É no “fazendo” que nos colocamos
corajosamente em atrito com o nosso fazer;
é no “fazendo” que transformamos
as coisas, a nós mesmos e o mundo para,
aos poucos,
reacender a sabedoria que está dentro de nós,
de cada um de nós,
de nossa ancestralidade e
do que queremos criar com sentido neste mundo.

Por um mundo feito à mão, um mundo feito por nós!